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Foto: Divulgação |
Na última semana, no Teatro Mário
Covas, na cidade de Caraguatatuba, recebeu a pré-estreia nacional do espetáculo,
“Cão Sem Plumas” da Companhia Deborah Colker. Claro que o auditório lotou né
pessoal. O espetáculo é baseado no poema de João Cabral de Melo Neto
(1920-1999), considerado um dos maiores poetas da Geração de
45 no Brasil.
Albert Einstein dizia, “as leis de construção do discurso interior acabam sendo as mesmas que servem de base para toda variedade de leis que regem a construção da forma e da composição das obras de artes”.
Durante o espetáculo
pude perceber o domínio e a qualidade dos bailarinos durante o espetáculo, sem
contar a expressividade social e impactante que pode ser observado durante a
apresentação. Crianças e adultos não conseguiam se distrair, porque o
espetáculo é totalmente forte, sabe o lance de tocar você de alguma forma? Sabe
a pegada da semiótica? Bem assim mesmo.
No meu ponto de vista,
realmente há uma crítica à sociedade, a sua condição humana, assim como o poeta
escreveu em Barcelona, sobre a sua preocupação com a realidade nordestina e a
denúncia da miséria. Tudo isso é passado no
palco.
A estreia internacional acontece em 3
de junho, no Teatro Guararapes, em Recife.
Eu indico aos amantes de cultura, bora
lá conferir.
DEBORAH COLKER
A inquietação e o gosto pela
diversidade não se tornaram uma marca do trabalho Deborah Colker por acaso.
Criada entre a solidão do estudo do piano clássico e a prática de um esporte
coletivo, o voleibol, a coreógrafa carioca iniciou-se na dança contemporânea
como bailarina do Coringa, da uruguaia Graciela Figueiroa, grupo que marcou
época no Rio de Janeiro dos anos 1980.
Em 1984, a convite de Dina Sfat, atriz
de contornos mitológicos na cena teatral brasileira, deu início àquela que
seria a principal vertente de sua carreira nos dez anos subsequentes: diretora
de movimento – expressão especialmente cunhada para ela pelo encenador Ulysses
Cruz para sublinhar a relevância de seu trabalho no resultado final de algumas
dezenas de espetáculos de teatro com que colaborou neste período.
A rubrica, que acabaria se incorporando
ao jargão cênico brasileiro, aplica-se também, e com precisão, ao papel que
desempenhou, por exemplo, na criação dos movimentos dos bonecos-cachorros da TV
Colosso – um marco na programação televisiva infantil brasileira dos anos 1990.
Antes ou depois de fundar, em 1994, a
companhia que leva seu nome, Deborah Colker imprimiu sua marca ainda em
territórios tão distintos quanto o videoclipe, a moda, o cinema, o circo e o
showbiz. Inscreveu seu nome, também, na história do maior espetáculo de massa
do planeta: o desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, símbolo maior do
carnaval carioca, com o qual contribuiu repetidas vezes assinando a coreografia
de comissões de frente de grandes agremiações, a exemplo da Mangueira, da
Unidos do Viradouro e, mais recentemente, da Imperatriz Leopoldinense.
Largamente reconhecida pela crítica
internacional, a excelência de seu trabalho como coreógrafa foi honrada em 2001
com o Laurence Olivier Award na categoria “Oustanding Achievement in
Dance" (realização mais notável em dança).
Cinco anos mais tarde, motivava o
convite da FIFA para dar vida ao único espetáculo de dança a figurar na grade
de atividades culturais da Copa do Mundo 2006, na Alemanha: Maracanã –
incorporado mais tarde ao repertório da Cia Deborah Colker sob o título de
Dínamo.
Em 2009, assinava a criação do novo
espetáculo do Cirque de Soleil – Ovo, uma viagem lúdica pelo mundo dos insetos.
Uma das maiores honras, ser Diretora de
Movimento das Olimpíadas do Rio 2016 mostrando um espetáculo visual
representativo da energia do povo brasileiro. Espetáculo este que também
incluía elementos icônicos de trabalhos dela como coreógrafa.
A COMPANHIA
Em 1994, a Companhia de Dança
Deborah Colker subia à cena pela primeira vez no palco Theatro
Municipal do Rio de Janeiro, um dos mais importantes do país, dividindo a noite
com o Momix, o cultuado grupo de Moses Pendleton. Era a edição inaugural da
mostra O Globo em Movimento, que se tornaria referência no panorama brasileiro
da dança, e Vulcão, o espetáculo de estreia, faria jus ao nome.
A grande explosão, no entanto, viria no
ano seguinte com Velox, que em seis meses contabilizava 55 mil espectadores. Um
fenômeno que renderia à companhia uma estabilidade precoce. Em 1996, apenas
dois anos depois de vir ao mundo, a Cia Deborah Colker era contemplada com o
patrocínio exclusivo da Petrobras e ocupava sede própria. No mesmo
ano, fazia sua primeira estreia mundial em território estrangeiro.
Montado especialmente para a
prestigiosa Bienal de Dança de Lyon, Mix cuidaria de projetar
internacionalmente o trabalho da companhia carioca, e, cinco anos mais tarde,
teria sua excelência chancelada pela Society of London Theatre, arrebatando, na
categoria "Outstanding Achievement in Dance" (realização mais notável
em dança), o Laurence Olivier Award 2001 – honraria jamais concedida
a um artista ou grupo brasileiro.
De lá para cá, a Cia de Dança Deborah
Colker percorreu quatro continentes apresentando-se em alguns dos palcos mais
importantes do mundo, como John F. Kennedy Center (Washington, EUA), Joyce
Theatre e New York City Center (Nova Iorque, EUA), Harbour Centre (Toronto,
Canadá), Barbican Centre (Londres, Inglaterra), Birmingham
Hippodrome (Birmingham, Inglaterra), The Play House e Festival Theatre (Edimburgo,
Escócia), Maison de La Dance (Lyon, França), Centro Cultural de
Belém (Lisboa, Portugal), Admiral Spalatz (Berlim, Alemanha), Stopera
Muziektheater (Amsterdam, Holanda), Esplanade Theatre (Singapura,
Singapura), Hong Kong Cultural Grand Theatre (Hong Kong, China), Macau
Cultural Centre (Macau, China), Kanagawa Arts Centre (Tóquio,
Japão), Tel Aviv Opera House (Tel Aviv, Israel), Royal Opera
House Muscat (Mascate, Omã), Westpactrust St James Theatre (Wellington,
Nova Zelândia), Teatro Nacional Cervantes e Opera Allianz (Buenos
Aires, Argentina), entre tantos outros.
Com onze espetáculos na bagagem e sete
em repertório, ao longo desses anos, a coreógrafa carioca e sua companhia
figuraram com destaque em periódicos influentes como Evening Standard, Metro,
The Daily Telegraph, The Guardian, The Independent, The Stage, The Sunday
Telegraph, The Sunday Times, The Telegraph, The Times e Time Out (Reino Unido);
Danse Conservatoire e Le Figaro (França); Der Tagesspiel, Die Rheinpfalz,
Koegler Journal, Thüringer Allgemeine, TLZ | Thüringische Lansdeszeitung
(Alemanha); The Kurrier e Tiroler Tageszeitung (Áustria); New York Times e
Washington Post (EUA) e La Nación (Argentina).
O reconhecimento internacional motivou
também convites para o desenvolvimento de projetos comissionados fora do
Brasil, como foi o caso de Maracanã, especialmente encomendado pela FIFA para a
Copa do Mundo 2006 (e posteriormente incorporado ao repertório da cia sob o
título de Dínamo), e Ovo, de 2009, uma colaboração de Colker com o Cirque
du Soleil. E despertou o interesse de corpos de baile estrangeiros em levar à
cena peças do repertório da companhia brasileira de dança – como acaba de fazer
o Ballet de l’Opéra National du Rhin, que em novembro de 2014 estreou, sob a
direção da própria Deborah Colker, sua montagem de Nó.
PRÊMIOS
JORNAL O GLOBO
Os melhores de 1995 na dança – VELOX
JORNAL DO BRASIL
Os melhores de 1995 na dança – VELOX
JORNAL O GLOBO
Melhor espetáculo de dança de 1997 –
ROTA
PRÊMIO MINISTÉRIO DA CULTURA
Troféu Mambembe de 1997 – ROTA
JORNAL DO BRASIL
Melhores espetáculos de dança 1999 –
CASA
PRÊMIO RIO DANÇA 1999
Melhor figurino, cenografia e
iluminação – CASA
LAURENCE OLIVIER AWARDS 2001
(Grã-Bretanha)
Coreografia do espetáculo – MIX
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